Segundo a ONG Doulas do Brasil, a atuação dessas profissionais é capaz de reduzir em 50% o número de cesárias e em 20% o tempo do trabalho de parto. E você conhece o trabalho dessas mulheres?
Doulas são profissionais que dão assistência física e emocional para gestantes e parturientes, explica Mariana Amoroso, 31, que atende de 4 a 5 mulheres por mês há quase 4 anos. A ocupação foi regulamentada em 2013, existe faz tempo. “Antes de migrar para o hospital, o parto era feito com o auxílio de mulheres. A doula é o equivalente à auxiliar da parteira, que tinha essa função. Aliás, esse é um engano comum, achar que doula é mesma coisa que parteira. Não fazemos parto, assistimos a mulher no tipo de parto e ambiente que ela escolher”, explica.
O papel da doula começa ainda na gestação, quando ajuda o casal a se preparar para o parto, tanto fisicamente, com exercícios de respiração e para o períneo, por exemplo, quanto emocionalmente, tirando as dúvidas e falando sobre o que esperar desse grande momento (e também do pós). Quando chega a hora H, faz companhia, acolhe, explica os termos médicos complicados e as escolhas que têm de tomar, além de ajudar a aliviar a dor mostrando à parturiente as melhores posições, o jeito certo respirar e fazendo massagens, entre outras técnicas naturais. Há ainda as doulas que acompanhem o casal no pós-parto, oferecendo-se para facilitar principalmente a amamentação e os cuidados com o recém-nascido.
A experiência do parto com doula
Muitos médicos, no entanto, não aceitam a presença da doula durante o parto. Outros são entusiastas, como Ricardo Herbert Jones, obstetra e consultor da ONG Doulas do Brasil. Ele relata em artigo publicado no site da ONG que conta quase sempre com a assistência de doulas nos partos que realiza e acredita que “as mulheres estabelecem entre si um vínculo poderoso e mágico, que a minha masculinidade não pode atingir.” Segundo o especialista, “os resultados catalogados no mundo inteiro reforçam nossa convicção de que este é um caminho frutífero para o estabelecimento de uma nova postura diante do parto e do nascimento.”
A assistência feminina foi justamente o que levou a designer de jóias Camila Lovisaro, 33, a buscar uma doula para ajudar no nascimento de sua filha, Clara, 1 ano. “Ela me acompanhou o tempo todo e foi ótimo. Quando ela chegou, tirou a minha dor com as mãos. Meu marido vinha fazendo as massagens que ela tinha ensinado e tal, mas é diferente. A mulher é capaz de ter uma empatia com aquilo que você está passando que o homem jamais poderá entender”, acredita. “A doula também é diferente da sua mãe, que terá medo por você e já está envolvida de outra maneira. A profissional tem um distanciamento e, ao mesmo tempo, uma conexão sem igual”.