Facultativa, a medida vale desde março para companhias privadas que fazem parte do Programa Empresa Cidadã e desde maio para funcionários públicos. Antes disso, os homens que se tornavam pais tinham direito a apenas cinco dias de licença. Dessa forma, os pais podem se adaptar a nova rotina e assumir algumas tarefas como dar banho, trocar fraldas e lavar roupinhas.
Ao ver um pai cuidando da filha as pessoas estranham. Ainda enxergam o homem apenas como o provedor. Esses dias ao levar o bebê tomar vacina , mesmo estando no colo do pai, a enfermeira só falava com a esposa. “Como se eu não estivesse ali”, disse o pai
Mas nos novos modelos de família, as responsabilidades do casal são compartilhadas. Espera-se muito mais da mãe quando se trata de cuidar dos filhos e precisamos mudar isso.
Em busca de uma participação igualitária de pais e mães na vida dos filhos, o Twitter passou a oferecer, a partir de julho, licença-paternidade de 20 semanas aos funcionários brasileiros, período idêntico ao oferecido às mulheres que trabalham na companhia, e bem maior do que o ofertado aos homens pelas empresas no Brasil.
O coordenador de conteúdo Gustavo Ranieri, 34, casado com Bianca Tavares, 23, de São Paulo, não considera o termo “participar” apropriado quando se trata de cuidar da filha Liz, dois meses. “Prefiro compartilhar, pois se trata de uma parceria em que os dois contribuem. Na minha opinião não existe isso de papel de pai ou papel de mãe.”
Gustavo afirma ter a sorte de fazer parte de uma nova geração de homens que acredita em um mundo muito mais igualitário. “Sou um cara presente em tudo em minha casa. Adoro cozinhar, lavo as roupinhas da bebê no tanque e limpo a casa. Além disso, eu e minha esposa revezamos quem vai levantar de madrugada quando a Liz chora.”
Para ele, ter direito à licença de 20 dias foi algo sensacional. A Livraria Cultura, empresa em que trabalha, já oferecia 15 dias de afastamento a seus funcionários que se tornassem pais e incluiu mais cinco após a sanção da lei. “Pude estreitar mais o vínculo com a minha filha, especialmente nos primeiros dias, quando a criança começa a se familiarizar com rostos e ambientes. Estar presente me permitiu vivenciar a nova rotina da casa, ir junto ao pediatra e ter pleno contato com a bebê.”
Acostumado a passear pelo bairro onde mora com a filha no sling (faixa de pano usada para carregar o bebê junto ao peito), Gustavo afirma que os olhares de surpresa dos vizinhos são comuns. “Quando eu passo, todos viram para olhar. Imagino que pensem: onde está a mãe dessa criança?”.
Apegado à bebê, ele diz que sentiu a volta ao trabalho após a licença. “Foi muito difícil, a sorte é que moro perto e chego muito rápido em casa. Nesses primeiros dias, vejo as fotos que minha esposa manda e dá muita saudade. É interessante como nosso foco muda depois que nasce um filho.”